quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Não é tudo

Às vezes eu torço o nariz
às vezes eu finjo
às vezes eu temo
às vezes eu ironizo
às vezes eu xingo
às vezes eu respondo.
Outras vezes eu calo.

às vezes eu acaricio
às vezes eu abraço
às vezes eu choro
às vezes eu sorrio
às vezes eu chego
às vezes eu parto pra sempre.
Outras vezes eu volto.

Alguns me conhecem por atitudes,
outros, por falta delas.
Poucos me conhecem pelo o que sinto...
E o quê que importa afinal?

Do que serve uma ação
Se o que faz mover são os sonhos
As emoções
As vontades
A vida.

Do que serve a imagem
Se o que se aprecia são as idéias
A loucura
A empolgação
Os gestos, tiques.

Do que servem os verbos,
Os sujeitos
Os versos...
Ah, pobres dos versos
Se não fosse a comoção
Uma reação que seja
De quem escreve...
De quem lê.

Do que te importa se sou composta?!
Ácida e indiferente?
Se tenho cabelos azuis e falo doce...
Se me digo sozinha e tenho ao lado uma pessoa especial!
Se pareço louca e a sou de outra maneira?
Se faço cara de quem não liga e chora segundos depois?
Se uso preto e sou colorida?
Se não tenho vergonha, mas curiosa o bastante para saber o que pensam!
Se tenho a melancolia e me sinto feliz?!
Se quero ir embora e quando vou sempre tenho saudades...

Afinal, do que te importa se não pareço ser quem sou, sendo
que isso me completa porque sou justamente o que não pareço;
E o que não pareço ser, sou...
Às vezes simplesmente sou o que pensa ser,
Mas de outra meneira.

Mas...o que te importa??

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Que tal nos embriagarmos de vida?

Que tal bebermos a vida?
Seja gelada como uma cerva
ou ardente e corrosiva como uma pinga.
Devemos toma-la todinha até nos embriagarmos!
Caso não aguentemos mais...
é só bota-la pra fora!!

A partir da poesia de Florbela Espanca:

O nosso mundo

Eu bebo a Vida, a Vida, a longos tragos
Como um divino vinho de Falerno
Poisando em ti o meu olhar eterno
Como poisam as folhas sobre os lagos...
Os meus sonhos agora são mais vagos
O teu olhar em mim, hoje é mais terno...
E a Vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e presságios!
A Vida, meu amor, quero vivê-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos,
Bocas unidas hemos de bebê-la!
Que importa o mundo e as ilusões defuntas?...
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?...
O mundo, Amor!...
As nossas bocas juntas!...