sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Um segundo entre o fim e o começo.

Era um ano de opostos intensos. Dois semestres, dois sentimentos básicos, dois lugares, dois tempos, duas Marina's. Ser e não ser... O Ser e o Não-ser. Nitedez, presença; distorção, ausência. O fim e o começo.
Tudo era fresco no verão passado. Convidativo tempo de alegria presente e por vir. Da esperança do novo e a certeza entusiasmante do desconhecido que chegaria com data marcada. Estava cheia de mim. Disposta, consciente, corajosa... forte!
O dia chegara: 23 de fevereiro, vôo de Brasília para São Paulo, por volta de 12:30. Chegada em Congonhas, onibus até Guarulhos, avião para Toronto e outro para Vancouver. Lá, um carro e enfim a casa dos Italianos. Estava tudo anotado; uma pequena segurança para os riscos que eu me divertira em enfrentrar.
Começara minha jornada pelos meses maravilhosos. O sonho se realizara... de fato! Intensas descobertas, intensos sorrisos, curiosidades. Fui feliz todo o tempo. A felicidade transbordava até nas lágrimas de saudade e na dificuldade. Acordar era muito fácil! Meus dias por lá eram contados... não exatamente contados pois preferia me privar da idéia de que os dias estavam sendo arrancados um a um... preferia mesmo ignorar quanto tempo ainda me restava. Via as pessoas partindo e chegando toda semana... era normal a rotatividade de lá. Quando me dei conta, estava em meus últimos dias. Deixei o tempo acabar... mas ele ía ocupado, feito... não morto. Demoronei em meu último dia. Olhei pela última vez tudo o que havia conquistado e vivido... tudo o que carregaria comigo... mas carregaria de forma abstrata. Meu tempo acabara. Em dois dias já estaria de volta ao sempre.
Fiz o caminho inverso para voltar. Quando cheguei, nada havia mudado por aqui. De nova, somente eu. Foi ótimo matar as saudades, mas essas deram lugar a uma que nunca irá desaparecer. Acabou... e eu a cada hora vazia me lembro daqueles dias que a cada novo momento de vida ficam mais distantes do meu presente, apesar de serem nítidos. De alguma forma ainda fazem parte do presente, apesar do meu esforço para que fiquem cravados no passado memorável.
Fim de Julho voltei a Brasília e às minhas amadas aulas de Jornalismo. Me instalei num novo lar. Agora um apartamento de verdade com a companhia complicada de meu irmão. Iniciei o curso de espanhol. Não arrumei um estágio como havia planejado e também não me tornei professora de inglês. Não fui a academia e não perdi um único quilo. Não saí muito e não fiz de fato nenhuma nova amizade. Acordar se tornou complicado e as faltas aos compromissos se tornaram rotineiros. Me acostumei a passar mais de um dia em casa porque me sentia confortável. Chorei de raiva, solidão, desespero, de pena, tristesa e de saudade... pelo vazio e por não saber... por mim e pelos outros. Me desconheci. Descobri tarde que havia me perdido, mas nunca é tarde demais.
Bem, agora não estou mais no "começo" pois já me sinto longe o suficiente dele a ponto de exerga-lo como passado. Que comece então o desenvolvimento. Nada é fácil. A dificuldade está clara pra mim... tanto a dificuldade como as outras "coisas da vida". Mas tudo é belo. É uma vitória poder dizer isso com sinceridade. É sinal que estou reencontrando minha essência, e isso é 'essencial' pra mim.
Eu quero mais. Eu quero saber ponderar as coisas e voltar a conseguir ser livre à minha maneira. Quero mais leveza. Falar das coisas sem te-las excessivamente à flor da pele. Ativar a peneira de meu ouvido, o funil de minha boca e o motor do meu cérebro. Quero disposião para aprender, descartar e buscar!! Quero minha AÇÃO. Porque eu posso.

[Azul de mim]


sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

"A salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena"

Dedicar as férias à mudança é algo cabível... e mesmo que não seja, a farei. Férias, fim de ano, festas, viagens, reencontros, tempo livre! Não sei porque o fim de ano é tido como uma perfeita oportunidade para mudanças. Talvez porque o ano é NOVO. Ano novo... uma bela oportunidade para recomeçar, corrigir, pensar.
Reencontrarei minha essência para me renovar. Dessa vez uma coisa (ser) não acompanhou a outra (vivência). Parece que tudo o que preciso chegou pelo correio encaixotado há tempos e eu nem se quer abri e usei... as descobertas estão acumuladas todas sem prática.
Que atraso me tornei!
Uma pena dizer isso... mas é!! A luta para a correção é árdua e às cegas. A minha luta é a busca pelo equilíbrio. Tem coisa demais onde deveria ter menos; tem coisa de menos onde deveria ter mais.
Nunca imaginei que mudar se tornaria algo complicado pra mim... mas aqui estou eu para experimentar novas buscas. Ao menos ainda conservo o otimismo!
Vou me libertar... e mesmo que mão precise de razões para isso, tenho muitas.
E por que não?
Me salvarei da não-vida.

"A salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena".
C.L.
[Verde de esperança]

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Que bom que ELA volta.


A gente sempre se cansa das coisas, às vezes das pessoas também. Algumas vezes na vida até de si mesmo! Cansar é necessário, cansamos pois vivemos.
Tudo é uma questão de cansar.
Pois eu provo que posso me cansar até de estar triste, o que sempre é o melhor dos cansaços.
Já a felicidade, acho que essa que se cansa das pessoas às vezes, e outras, as pessoas são quem acabam se cansando do cansaço da felicidade. Quando a felicidade chega estontiante convidando, burro é quem se acha muito cansado para ela, e pobre de quem está tão cansado, tão cansado das outras coisas, tão cansado de si, tão cansado de ouvir, tão cansado da redundância da vida, que não consegue acompanhar a tal felicidade...
Então ela fica alí, entediada...
E vai embora.
Quando ela se vai, só volta se for buscada.
Leva uns dias para abraça-la de vez, tempos pra ela se renovar.
Mas que bom que ela volta :)