quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

BALANÇO

Faça uma lista de grandes amigos, quem você mais via há dez anos atrás... Quantos você ainda vê todo dia? Quantos você já não encontra mais? Faça uma lista dos sonhos que tinha... Quantos você desistiu de sonhar? Quantos amores jurados pra sempre... Quantos você conseguiu preservar? Onde você ainda se reconhece, na foto passada ou no espelho de agora? Hoje é do jeito que achou que seria? Quantos amigos você jogou fora... Quantos mistérios que você sondava, quantos você conseguiu entender? Quantos defeitos sanados com o tempo, era o melhor que havia em você? Quantas mentiras você condenava, quantas você teve que cometer? Quantas canções que você não cantava, hoje assobia pra sobreviver... Quantos segredos que você guardava, hoje são bobos ninguém quer saber... Quantas pessoas que você amava, hoje acredita e amam você?
[Oswaldo Montenegro]

"Se já sofremos quando não declaramos o que nos incomoda, sofreremos o dobro se não declararmos o que nos alegra". - Fabrício Carpinejar

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

No ano passado...Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem...Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte:"Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados".Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova. [Mário Quintana]

NÃO DEIXE A VIDA PRA DEPOIS

"(...) era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista. Minha paixão era o trapézio. Me atirar lá do alto na certeza de que alguém, lá em baixo, seguraria minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo, mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo, quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos... Aquela gente encantada que chegava e seguia... Era disso que eu tinha medo: do que não ficava para sempre." [Antônio Bivar]


Sempre chega o momento em que se deve decidir entre dar as costas para o trapézio ou atirar-se em suas emoções, mesmo que incertas... Ainda que a pessoa adiante possa, por alguma obra do destino, em algum instante, não te segurar fazendo com que toda aquela emoção acabe em dor.
Essa decisão se baseia em como se lida com o medo. Nada mais eficiente para ajudar nessas decisões que a crença em algo. Há quem acredite no fim e quem acredite no começo... Assim existem os que sempre ficam (por medo) e os que sempre seguem (apesar do medo).

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Não sei dizer...
E me calo.
Nossos silêncios, intensos, dizem o mesmo?

domingo, 28 de dezembro de 2008

ANO

Mal o tempo passa e o ano já vai. De uma memória tão nítida como a dos acontecimentos de meses atrás, me lembro sentada diante de um computador escrevendo por aqui, numa tarde longe desta e durante outro expediente. Na época exercia meu primeiro estágio e tinha muitos desejos urgentes. Urgentíssimos. Entrou o ano e tratei de realiza-los todos.
Dei muitos adeuses em 2008. Mas foram as boas-vindas que fizeram a diferença. Foram meses de renovações e coragem, de libertações e experimentações, realizações e descobertas. Foi um ano de reinvenção. Foram tempos de viagens e sonhos.

Esse ano que chega me parece ser mais claro, bruto e plano. É como se fosse a vez de levar as coisas adiante... Ter mais seriedade. Mergulhar mais no trabalho, nos estudos, nessas seções mais secas da vida. E acho que posso levar isso com destreza e poesia... Acho que finalmente vou saber conciliar as coisas. Ao menos meu instinto me faz crer nisso.

Bom, já se vai mais este ano... Mais um que me maravilhou com a vida. Mais um que vem me trazendo esperanças e sonhos, medo e coragem.

sábado, 27 de dezembro de 2008

CTHULHU

"A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido."
[H.P. Lovecraft]

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

DOS PRAZERES DE VIAJAR II

A CHEGADA
São tantas e de todos os modos possíveis. A última me trouxe um coração batendo forte apesar do cansaço. A fila interminável da alfândega e depois os vários minutos frente à esteira esperando minha bagagem material aparecer. Nesses momentos se sente a chegada em sua forma mais bruta. A partir dali, não há previsão para mais nada.

OS ENCONTROS
O objetivo principal das viagens. Não é sempre que há alguém esperando no saguão de desembarque... Mas quando há é incrível! Desta vez tive aquela saudosa amiga cheia de coisas para me ensinar e dona de um abraço reconfortante e acolhedor para meu cansaço e solidão. Depois, o encontro com os desconhecidos, a cidade estrangeira e o idioma alheio... Começa o encontro com quem sou e com o que quero descobrir...
O NOVO
Não há nada mais eficiente para entrar em contato com o nove que as viagens. Nomes de ruas indígenas, o trânsito quase anárquico, a comida apimentada, os rostos diferentes... Tudo denuncia: você está em um novo país... Aqui você conhece menos coisas que uma criança.
Volto a ser criança quando viajo. Tudo é curioso. Para tudo há uma dúvida, uma pergunta, um espanto! Tudo me encanta. São as descobertas... De tudo e de mim mesma.

EU...

"Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
[...]
Sou talvez a visão que
Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!"
(Florbela Espanca)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

DOS PRAZERES DE VIAJAR


A Partida
Dias antes de partir sou cheia de lágrimas, medos, esperanças, desconhecimento... À flor da pele!
O dia finalmente chega e me torno toda preparada para o que vier. Nenhuma lágrima, um meio sorriso e uma invasão completa de concentração, coragem e liberdade.

O Caminho
Adoro voar. Passar pelas nuvens e enfim estar acima delas. Gosto de ir na janela para voltar os olhos para fora e ter minha viagem particular. Alcanço a paz naquele vazio leve do azul que revela suas pequenas nuances desconhecidas. Gosto, inclusive, da pressão nos ouvidos e preparações para decolar e aterrizar.

O Porto
Me sinto bem em aeroportos. O umbigo das partidas e chegadas da vida. Encontros e despedidas. Todas aquelas pessoas se lançando a novos lugares ou retornando ao lar...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"Não tenhamos pressa. Mas não percamos tempo." José Saramago

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

CANÇÃO DO DIA DE SEMPRE

"Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas..."

[Mário Quintana]

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

"Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto".

[Fernando Pessoa]

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Hoje acordei radical.
Não quero uma cerveja, quero todas!!
Desejo minhas dezenas de amigos ao mesmo tempo
e todos os sentimentos numa só dose.
Hoje não me venham com minúcias,
mesquinharias, conta-gotas
só quero enchentes,
avalanches de tudo
cada espaço preenchido.
Se couber o silêncio,
que seja denso,
pesado, tenso
insuportavelmente inebriador...
Não me venham com metades,
"abraços curtos para não sufocar"...
Quero perder o ar
depois aspirá-lo
até sentir o limite dos pulmões.
Não quero medir palavras
nem "a altura do tombo".
Quero tudo, sem medida.
A medida é ela toda.

LOVE ME TRUE

love me tender

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ENLOUQUEÇA

"Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilo e medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções deesperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela.
Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem namorado porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida passar e de repente parecer que tudo faz sentido:
Enlou-cresça."

[Carlos Drummond de Andrade]

Idéias lisérgicas para não deixar a vida endurecer.

LUA NOVA

Meu novo quarto
Virado para o nascente:
Meu quarto, de novo a cavaleiro da entrada da barra.
Depois de dez anos de pátio
Volto a tomar conhecimento da aurora.
Volto a banhar meus olhos no mênstruo incruento das madrugadas.
Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir:
Hei de aprender com ele
A partir de uma vez-
Sem medo,
Sem remorso,
Sem saudade.
Não pensem que estou aguardando a lua cheia-
Esse sol da demência
Vaga e noctâmbula.
O que eu mais quero,
O de que preciso
É de lua nova.
[Lua Nova, Manuel Bandeira]

DA SÉRIE...

"A felicidade está nas pequenas coisas"

Tomar um café quente depois de chegar molhada em casa é ótimo.
Mas delicioso mesmo é chegar em casa molhada e ser dona de meu espaço; arrancar a roupa e providenciar a água para ferver no fogão. Enquanto isso, abrir a conta de energia e colocar o Elvis para cantar. Deitar na cama, olhar para o teto e suspirar... Lembrar do café e correr de calcinha para cozinha. Com a caneca fumegante na mão, calar o Elvis e ligar o noticiário.

O necessário é vibrar. Ando tremulando... Outrora desligada.
A inspiração me toca e foge
foge
foge
foge...
E eu fico

perto do fogo
com o mundo nas costas.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

YES COFFEE, NO BREAK

Um dia você descobre que o cansaço que te sobra vem da cafeína que te falta.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

RUBRO ANIL

"Será o estresse que desce nas veias dos corações
Ou é uma prece que tece a teia de novas paixões
Das bandeiras perdidas
Rasgadas nos mastros das religiões
Que são guardiões da culpa, da dor!"
[Zé Ramalho]

Vivo dias inversos,
um tempo vermelho,
a vida em negativo...
Mas a luz é a mesma
e a grafia também.

Sei o tempo e sua falta...
O instante decisivo que guarda e me revela a vida RUBRA
- o negativo daquela, contrastante, e tão minha quanto.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

"Um dia uma pessoa me falou que a minha falta de malicia era o negativo de uma mesma foto, avesso esperto da malandragem que se manifestava naturalmente difícil. Ele disse que sou confusa,mas sou clara. E é por isso que eu cheguei inteira até aqui. Justamente eu que não sei mentir direito."

[O Rappa]

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Fui invadida por um tal desespero que há muito não me acometia.
É uma incurável inópia de ir ser eterna naqueles olhos...
flanando na alma
e sendo em silêncio
em sua vida.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

TEMPO DE DESAPEGO

Ando promovendo o desapego em minha vida... Desapego do que não faz mais sentido.
Mas, de tudo, o mais difícil de se livrar são os sentimentos, por mais que eles sejam indesejáveis. No entanto, persisto e alcanço sempre um pouco mais... ou um pouco menos...

domingo, 26 de outubro de 2008

VERSOS ÍNTIMOS

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo.
Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
[Augusto dos Anjos]
É...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Há dois tipos de choros que engulo frequentemente. Um arranha, mas fortalece; o outro dói, mas purifica.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Não sei o que é mais difícil: aprender a lidar com meus medos ou ter que lidar com os medos alheios.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

"HAY QUE ENDURECERSE, PERO SIN PERDER LA TERNURA JAMÁS"
[Che Guevara]



Essa frase nunca fez tanto sentido como agora.
Yo ya comprendo... es necesario endurecer.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

MOVIMENTO

Tá difícil... Mas aprendo
e reaprendo!!!
O que me faz continuar...
Os instantes de prazer durante a dificuldade
e depois
o ritmo quente nos ouvidos
o deleite na nova literatura
o vento rápido que descabela
a Lua enorme e amarela no céu estrelado
a voz amiga
e a amada
a cor viva da plantinha
o morango, a azeitona e o milho...
A água gelada!
Ah! Deliciosa inquietação da desordem da vida...

É assim: A beleza me move.
Fechar os olhos para ela é suicídio.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

FARTA!

To cansada do sofrimento gratuito do mundo,
de suas pessoas pedantes, inescrupulosas, arrogantes...
Que asco!
Incompreendo o silêncio da submissão dos que me cercam e me pergunto até que ponto me submeto... Se me submeto.
Estou farta!
Farta desta agonia que paira por perto e da iminência alheia constante do descontrole.
Me pergunto onde posso me encaixar para conviver sem danos com toda esta moléstia...
Na verdade, questiono, principalmente, se há de fato por todo o percurso hierárquico um espaço limpo, livre, são...
E tenho medo.
Temo que ao desenvolver um estômago forte demais para encarar sobriamente a cólera, adquira também uma insensibilidade, apatia e o que há de pior: uma cômoda aceitação do que é mau e injusto.
Não sei...
Não sei se posso com o que não é verdade.
E, mais cedo ou mais tarde, é provável que eu mande tudo abaixo!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

NO CUME CALMO DO MEU OLHO QUE VÊ ASSENTA A SOMBRA SONORA DE UM DISCO VOADOR...

Eu espero

como você espera
um disco voador...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

PARA INSISTIR

O que me deixa plena
é receber um parabéns
e um obrigado
pelo meu sorriso
notado
Uma plenitude que renova,
justifica e transforma
o brilho aqui de dentro.

ULTRA PASSO

"Uma poesia ártica,
claro, é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não, Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?)
Sim, inverno, estamos vivos."
[Paulo Leminski]

"Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação."
[Manuel Bandeira]

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

aprender a ser racional, objetiva, racional, firme, racional... profissional;
e racional!
aprender a ser mais de uma, ter vertentes... se fragmentar para poupar energia;
e aprender, sobretudo, a guardar os sentimentos para as pessoas e momentos e em que eles realmente importam

terça-feira, 7 de outubro de 2008

QUANDO ME AMEI DE VERDADE

"Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E, então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... auto-estima.

Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades.
Hoje sei que isso é... autenticidade .

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento .
Hoje chamo isso de... amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável ... pessoas , tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo.
De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... amor -próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo .
Hoje sei que isso é... simplicidade .

Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos vezes.
Hoje descobri a...humildade .

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro.
Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez.
Isso é... plenitude .

Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada."
[Kim e Alison McMillen]

Às vezes esqueço do meu compromisso comigo mesma, com minha felicidade... Mesmo depois de levar uma grande lição de vida e aprender, na marra, que ninguém vai cuidar da minha saúde mental e espiritual por mim. Ainda bem que agora, quando esqueço que minha prioridade de vida sou eu mesma, me lembro rapidinho de me manter firme durante o primeiro e mínimo desequilíbrio.

domingo, 5 de outubro de 2008

SIMPLIFICANDO

EU SIMPLES
FICANDO
NÓS SIMPLES
FICANDO
TUDO SIMPLES
FICANDO...
ENQUANTO VOCÊ
SIMPLES
MENTE

EMBALO

Gosto mesmo é de ficar amassada
entre o ontem e o hoje
num agora que não passa...
Durante o sono embalado
pelo sopro de calma
de seus pulmões.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

RESGATE

Deixa o vento passar
e o sol bater
Deixa a luz entrar
pra dentro do ser

Ilumina a alma
Estanca o prazer
na face dourada
até entardecer



Passou o mês, chegou a primavera, vai acabar a semana, e nenhuma luz literalmente poética me veio.
Por outro lado, tenho andado sob a sombra praticamente poética, que gera uma confortável comunicação entre o mundo e eu. É uma convivência leve, sincera, simples e direta de uma forma que não choca, mas harmoniza.
No entanto, a palavra escrita, quando falta, cria um buraco nos meus sentidos... e na alma.
Por isso o resgate necessário.
E pelo resgate as palavras vêm... mesmo meio tortas e meio rimadas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

DE SEGUNDA

Depois de toda a esbórnia vivida no fim de semana, esta manhã de segunda começou com o despertador que tocava pela terceira vez. Demorei na cama e leventei com a pressa que não me deixou lavar os cabelos. Numa rápida olhada no espelho do banheiro, o cabelo, disfarçadamente arrumado, revelou todos os outros por-fazeres que seriam, mais uma vez, deixados pra depois.


O carma da segunda-feira é o de ser o dia de começar o adiado, mas algumas segundas já chegam cheias de pendências e têm clima de game-over.



quarta-feira, 24 de setembro de 2008

tudo errado
mas tudo bem

terça-feira, 23 de setembro de 2008

"Se deus quiser um dia acabo voando
tão banal, assim como um pardal, meio de contrabando
desviar de estilingue, deixar que me xingue
e tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, banho de sol
Se deus quiser um dia eu viro semente
e quando a chuva molhar o jardim, ah, eu fico contente
e na primavera vou brotar na terra
e tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol"
[Rita Lee]

"Circunda-te de rosas,
ama,
bebe
e cala.
O mais é nada."
[Fernando Pessoa]

domingo, 21 de setembro de 2008

PELA METADE

Num dos blocos vizinhos ao meu mora um grito grave. Ele sempre aparece salientado ao mesmo tempo que toca alguma música irrelevante. Nesses dias o grito ganhou cara, expressão, atitudes e mais especulações.
Livre das paredes de meu apartamento e imersa num silêncio particular sustentado pelo ruído alheio da rua, entrei em contato direto com o tal grito. Um cara, meio gordo, meio feio, talvez meio sonolento, meio triste e meio indignado, botava meio corpo pra fora de sua janela que abria pela metade e gritava ora para o céu, ora pra mim - sua única espectadora - palavras soltas da música que tocava e outros berros que dolorosamente se libertavam... O libertava... Pela metade...

INTO THE SHINING SUN

Holded for songs.

Je ne peux pas souffrir
Como diria Arthur da Távola:
Música é vida inteiror, e quem tem vida inteiror jamais padecerá de solidão...

MENOS UM SONHO A MAIS

"Grande amante do sol da manhã
Que me faz espreguiçar
Nos braços de Morfeu
Mais um dia a menos
Menos um sonho a mais
Tanto faz
Ah, como tanto fez
Deixe que eu viva em lúcida embriaguez
Deixe que eu passe por momentos de prazer
Mesmo que eu fique
Esperando por alguém"

"Tédio de tudo, em tudo falta um quê
Tédio do mundo, desse ser e não ser
Abraço o travesseiro, me dou o prazer
Transo comigo pensando em você"

"I don't know what to do
Quero encontrar pelo caminho
Um cogumelo de zebu
E descansar os meus olhos no pasto
Descarregar esse mundo das costas
Eu só quero fazer parte do backing vocal
E cantar o tempo todo
Shoobeedoodaudau Aaa..."

PERTO DO FOGO

"Perto do fogo
Eu queria ficar perto do fogo
No umbigo do furacão
E no peito um gavião
No coração da cidade
Defendendo a liberdade
Eu quero ser uma flor
Nos teus cabelos de fogo
Quero estar perto do poder
Eu quero estar perto do fogo

Perto do fogo, meu amor..."

sábado, 20 de setembro de 2008

SOLO

faz calor
depois
faz frio

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

LET IT BE

Passo o dia fugindo do meu coração. Fico de longe só observando como quem toma conta. Não quero ouvir sobre suas coisas...
Nele as deixo com seus pesares intocados no silêncio.
E sigo como quem não liga... Deixo estar...

ESCOLHA

"Eu escolhi ser curiosa
Eu escolhi fazer o que gosto
Eu escolhi contar a verdade
Eu escolhi dizer o que sinto
Eu escolhi me expressar
Eu escolhi ser independente
Eu escolhi falar o que penso
Eu escolhi me importar
Eu escolhi andar por aí
Eu escolhi amizades verdadeiras
Eu escolhi falar olhando no olho
Eu escolhi as relações claras.
Escolha."
[Texto da campanha publicitária da operadora Claro]

Eu escolhi mesmo foi ser feliz.

ESTAÇÃO

Chega logo, primavera. Chega e acaba de vez com esse inverno aqui por perto. Traz o renascimento da estação. Faz da vida o esplendor da flor que desabrocha. E da alma o jardim mais colorido.

ANSEIO


        (an)SEIO.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

POR FORA...

Repetidas aspas por aqui... Elas envolvem palavras alheias mas também sensações compartilhadas.
Talvez eu não ande tendo os sentidos regulados em frequências sensíveis o suficiente para falar de muitas coisas de dentro. Por isso os vários dias de citações.
Ando por fora. Boa parte de minha sensibilidade está voltada para os imediatismos da vida... Isso tem me trazido uma felicidade poética em tempo real.
Melhor? Pior? Não. Uma média plena e diferente dos meus costumeiros e intensos mergulhos nos extremos... Ainda assim a intensidade permanece nesse "meio-termo" de lá e cá - não poderia ser diferente. Não há coisa alguma mais entediante que a superficialidade... Do marasmo do raso de onde surpresas não vêm.

POR DENTRO...

"Sem mencionar a vergonha infinita, a falta de vergonha maior ainda, risinhos que viravam gargalhadas sem freio e uma dor que de doer tão fundo já nem doía, deleitava, dava vontade de pegar, de morder, de morrer - de não morrer nunca mais."
[Ségio Rodrigues. A fruta por dentro. Revista piauí, set/2008]

terça-feira, 16 de setembro de 2008

SABER NÃO SABER

"Ouça música, viva a música, entre na viagem daquele que se permitiu sair do chão e do lugar e por isso viu mais longe, viu mais fundo, viu o todo, viu a floresta, viu a época, enfim; se colocou no risco de se perder e por isso achou aquilo que outros procuram inutilmente porque optaram pela segurança do conhecido. A aventura do conhecimento só acontece quando nos soltamos na intimidade do não-saber, no útero quente do caos que acolhe a pergunta que fertiliza a mente e dá à luz o saber não saber".
[Ricardo Guimarães.Revista Trip, ago/2008]

domingo, 14 de setembro de 2008

O QUE FAZ FELIZ

"O que faz você feliz?
A lua, a praia, o mar
Uma rua, passear
Um doce, uma dança, um beijo
Ou goiabada com queijo
Afinal, o que faz você feliz?
Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde
Arroz com feijão, matar a saudade
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz?
Dormir na rede, matar a sede
Ler ou viver um romance
O que faz você feliz?
Um lápis, uma letra, uma conversa boa
Um cafuné, café com leite, rir a toa
Um pássaro, um parque, um chafariz
Ou será o choro que te faz feliz?
A pausa para pensar
Sentir o vento, esquecer o tempo
O céu, o sol, um som
A pessoa, ou o lugar?
Agora me diz, o que faz você feliz?
O que faz você feliz?
Ficar de bobeira
Assaltar a geladeira
Comer frango com a mão
Tomar água na garrafa
Passar azeite no pão
Ou é namorar a noite inteira que faz você feliz?
Rir e brindar à toa
Um filme, uma conversa boa
Fazer um dia normal virar uma noite especial
Afinal, o que faz você feliz?
O que faz você feliz?
Comer morango com a mão
Pôr açúcar no abacate
Brincar com o melão
Goiaba, romã, jabuticaba
Ou é o gostinho de infância que te faz feliz?
Cuspir sementes de melancia
Falar besteira
Ficar sem fazer nada
Plantar bananeira
Ou comer banana amassada
Afinal, o que faz você feliz?"
[Arnaldo Antunes]
A visão da possibilidade do novo que cada manhã carrega tem me feito feliz. Deitar na grama, almoçar acompanhada e rir todo dia, também anda me fazendo feliz. O rock'n'roll, a cerveja na geladeira e o banho fresco... A brisa no coração, o frio no estômago e o fogo na alma... A transcendência, o sorvete e o telefone que toca... O desapego, o desengano e até as perdas me fazem feliz. A felicidade é vida de cores, arte, experimentações... Minha felicidade hoje vai além das esperanças, está na crença da beleza do momento presente...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

"DE REPÊNCIAS"

Incrível como esse tempo de "de repências" ainda me choca, fascina.
O tempo voa e as coisas acontecem e desacontecem a cada suspiro...
Chego à conclusão que são nessas "de repências" da vida entre suspiros que me torno.
Transformo-me no que amo e no que deixo.
Cicatrizo a pele que ficou e largo esquecidos no caminho passado os fragmentos da pele seca e sem vida que, penosa e vagarozamente, desgrudou.
Mas o importante é o que fica. E o que há é uma novidade sensível... mais reluzente e ardente.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

"Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer..."

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

COFFEEcoffeeBREAK!NOtimeTObreakTIMEcoffeeTIME.
That's enough.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

"Amor, meu grande amor
Não chegue na hora marcada
Assim como as canções
Como as paixões
E as palavras...
Me veja nos seus olhos
Na minha cara lavada
Me venha sem saber
Se sou fogo
Ou se sou água...
Amor, meu grande amor
Me chegue assim
Bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir
O que não sente...
Pois tudo o que ofereço
É, meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim, até o começo...
Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira...
Enquanto me tiver
Que eu seja
O último e o primeiro
E quando eu te encontrar
Meu grande amor
Me reconheça..."

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

"Queria apagá-lo como se fosse mais um parágrafo redundante".
[O tempo de cada um. Filme.]

domingo, 31 de agosto de 2008

O PINGO GRITOU frio NA ESQUINA DO MEU DIA

Em tempos de água fria
a música arrepia
a poesia congela

Em tempos de água fria

o desejo trinca

a monotonia acorda

Em tempos de água fria

o calor escorre

o azul vibra

Eu nasço

tremendo

Em tempos de água fria.

O cuidado é pouco;

O choque é muito;

O medo é de se molhar.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

VEM CORRER PERIGO

"No one seems to care You're tryin' to find your way again You're tryin' to find some new... "


"Não quero o que a cabeça pensa, eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo.
Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
Tempo para a turma do outro bairro, ver e saber que eu te amo.
Meu bem, mas quando a vida nos violentar
Falaremos para a vida: "Vida, pisa devagar
Meu coração cuidado é frágil
Meu coração é como vidro, como um beijo de novela"
Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser
Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo"

[Fragmentos de "Coração Selvagem" de Belchior]

Por Galvão. Do site Vida Besta: http://vidabesta.com



domingo, 24 de agosto de 2008

HORMÔNIOS

"Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo
Do juízo final...
Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido!"

"Tecnologia existe
Pra salvar o homem do fim
Se você estiver triste
Delete a tristeza assim
...
Milhares de megabytes
Abatendo a solidão"

"Meu amor, meu bem me queira
Tô solto na buraqueira
Tô num buraco
Fraco como galinha d'angola
...
Você é a minha cura
Se é que alguém tem cura
Você quer que eu
Cometa uma loucura
Se você me quer!
Cometa!"

"Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso
Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo?"

"Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro (se bem me lembro)
O melhor futuro este hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o tejo escorrendo das mãos"
.
Zeca Baleiro definifivamente me entende.
Tô naqueles dias de ânsias engasgadas; de solidão manhosa; de lágrimas resmungadas; de carência emotiva; de companhia do blues e da fome.
Tô naqueles dias de mulherzinha dramática doida pra colocar um pijama, fazer um quilo de brigadeiro para assistir um filme de drama ao mesmo tempo que chora e se lambuza... E ao fim dormir de exaustão no sofá coberta com um edredom.
Tô naqueles dias em que os sentimentos se confundem fazendo a dúvida dominar a auto-preservação.
Uma merda só. E o pior é justamente o "só".

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

"Eu tenho os espinhos do carinho"

DESEJO

A R D E R
arDer
..ardEr
.....ardeR
..................aRder
.................ardEr
..........................Te
.........................ardEr
..........................ardeR
ARDERcoração.alma.mente.pulmão.peleARDERte
A
R
ARDERARDERARDERARDERARDER
A......R......D......E......R

terça-feira, 19 de agosto de 2008

MULTITONIA

Primeiro o beijo,
depois do prazer, a paixão, a fumaça.
Tudo junto, um novo azul.

Rebuliços alegres e serenos,
um novo lugar...
Novos lugares, aventura, desordem...

E tudo cresce,
se move, transforma, forma e deforma.
Fluidos de liberdade...

Vou em conjunto,
flutuando nessa imensa multitonia azul
chamada vida.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

SEM MEDIDA.

São umas mãos de toques adiados.
Uns braços de abraços de força evitada.
Um conjunto de hesitações que chegam atrasadas.
Não sei se sobra ou falta...
Mas liberta.

domingo, 17 de agosto de 2008

MULHER

Tenho orgulho da mulher.
Da mulher motociclista entregadora de pizza... Com capacete rosa e batom.
Da mulher mãe que num braço carrega o filho, no outro sacolas e se equlibra no ônibus para passar pela roleta com tudo junto.
Da mulher varredora de rua que acorda às 3h30 da manhã para varrer quilômetros de rua com vassouras enormes para mais tarde passar por elas com suas unhas pintadas.
Da mulher motorista de ônibus que dá bom dia e espera os idosos e as mulheres-mães sentarem antes de dar partida.
Da mulher fotógrafa que carrega uma tonelada de equipamentos e se mescla a uma centena de fotógrafos atrás de suas lentes.
Tenho orgulho da mulher.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

"Alguém sorriu de passagem
Numa cidade estrangeira
Lembrou o riso que eu tinha
E esqueci entre os dentes
Como uma pera se esquece
Sonhando numa fruteira"

domingo, 3 de agosto de 2008

"Eu já estou com o pé nesta estrada
qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes
amanhã..."

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

SEGREDO

"Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de
dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo,
não digo."

[Fernando Pessoa - álvaro de Campos, Adiantamento]

segunda-feira, 28 de julho de 2008

INTOCÁVEL

Lá no cantinho do travesseiro ainda tinha um pouco dele.
Tinha.
Três ou quatro aspirações o levaram para o mesmo lugar intocável onde está todo o resto.
Ela procura vestígios,
restos de sua presença...
Passa o olhar pelas paredes, arestas, desníveis...
Insistentemente...
IN SIS TEN TE MEN TE
NADA
palpável, visível...
NADA
além da presença PLENA
das saudades deixadas das horas passadas à sua sombra.

"Amizade: quando o silêncio a dois não se torna incômodo.
Amor: quando o silêncio a dois se torna cômodo."
[Mario Quintana]

INQUIETO DEPOIS

"Eu tenho mania de deixar tudo para depois...
Depois a contagem das cartas a responder...
Depois a arrumação das coisas...
Despois, Adalgisa... Ah,
Me lembrar mais uma vez de romper definitivamente com Adalgisa!

Depois, tanta, tanta coisa...
Depois o testamento as últimas vontades a morte.
Só porque vai deixando tudo para depois
É que Deus é eterno
E o mundo incompleto
Inquieto...
Só é verdadeiramente vida a que tem um inquieto depois!"

[O deixador, Mário Quintana]

sexta-feira, 25 de julho de 2008

DESVIO

A mão toca...
E o olhar desvia
para longe
do outro
olhar
o sentir
da
A
L
M
A

QUILOS DE METROS DE HORAS

Agora...
O que dizer?
Frases loucas, memória,
Um passo, trajetória,
Um amor, alguma história?

O que há?
Ilusões desfeitas,
Areia de mar,
arte sem par?

Redemoinho
de pensar.

Labirinto de sentimentos
tormentos de navegar.
A dança do universo
disperso
conforme
a mudança do vento,
ao som dos carros
a dezenas de quilômetros por hora.

Eu, que horas?
Em que tempo?

Alguma coisa
queria ser dita
e se perdeu
na via
levada pela velocidade das dezenas de quilômetros por hora dos carros que cortam meu tempo.

"(...)É preciso escutar o silêncio, não como um surdo, mas como um cego! O silêncio das coisas tem um sentido. Quem não entende isso não entende nada.
(...)
- E a música? - desafiou.
- A música - o velho traçou com o dedo uma pausa no ar - é a expressão mais completa do que estou dizendo. Ou do que não estou dizendo, pois é precido ouvir apenas o que não se diz. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça. Eu ia chegar nela. A música também é silêncio. Bach sabia disso, Mozart também. Beethoven só soube quando ficou surdo. O ar não é silencioso? O vento não faz barulho? E que é o vento senão o ar? A música é o silêncio em movimento.
- O mesmo com as palavras.
- Não senhor: as palavras estão em quem fala e em quem escuta. O silêncio fica entre os dois, intocado, um silêncio enorme, intransponível. Ao passo que a música está nela mesma, isto é, no que resta além de nós. E o resto é silêncio."
[O Encontro Marcado - Fernando Sabino]

quinta-feira, 24 de julho de 2008

DEIXA-ME SEGUIR PARA O MAR

"Tenta esquecer-me... Ser lembrado é como
evocar-se um fantasma... Deixa-me ser
o que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo...
.
Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
me racamarei de estrelas como um manto real,
me bordarei de nuvens e de asas,
às vezes virão em mim as crianças banhar-se...
.
Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir... é seguir para o Mar,
as imagens perdendo no caminho...
Deixa-se fluir, passar, cantar...
.
toda a tristeza dos rios
é não poderem parar!"
.
[Mario Quintana]

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Depois do encontro ela se desprendeu do tempo como já nem lembrava.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

DESDIZER

Nem tudo é ócio, tédio, e o amarelo não faz tanto parte assim de meu coração.
O marasmo não sobrevive à paixão.

"Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não"
[Vinicius de Moraes]

quinta-feira, 17 de julho de 2008

AMARELANDO

Meu coração anda amarelando ao modo de Neruda.
Já não tenho muita escolha, já não sou muita coisa, sei de quase nada.
Os planos caem por terra a cada tentativa. Quando penso estar seguindo o caminho novo: PUFF, a trilha se dispersa. Tento enxergar novidades no horizonte e NADA.
O sol se pôs novamente e grande parte de meu dia apenas passou... se foi carregando tudo o que deixei de cometer. Daí o sono da noite parece desnecessário como se ela fosse novamente compensar o dia que passou pelas costas... Mas toda noite eu tento.
"O que te apetece"? Não sei. Tudo, nada... tanto faz! Não respondo.
Vem a vontade de chorar mas o choro não acontece. Nem mesmo isso!
Vazio...
Já senti vazios diversos... Nenhum tão estranho como este.
Deve ser culpa deste amarelo gastando meu azul.
Bom, que passe logo! E que esta história de amarelar o azul no fim se torne apenas um versinho, como aquele do Leminski:
"Amar é um elo
entre o azul
e o amarelo".

.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

SILÊNCIO

Estranhamente tenho me silenciado
tanto
que comecei essa prosa
há uns 5 dias...
Agora já nem é prosa,
é quase poesia.
.
Excesso do nada.
MO-NO-TO-NI-A
de fora.
SiNCRoNia
de dentro.
Mundo lento,
Coração selvagem.
.
Mas do que eu falava
era do silêncio.
O que há para falar,
afinal?
.
S I L Ê N C I O

segunda-feira, 7 de julho de 2008

FOI-SE

"Há noites em que não posso dormir de remorsos por tudo o que deixei de cometer."
[Mario Quintana]

sábado, 5 de julho de 2008

MORRER ACALMA

"já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo
morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma
morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma"
[Paulo Leminski]

sexta-feira, 4 de julho de 2008

"My mind trembles with shimmering leaves,
My heart sings with the touch of sunlight,
My life is glad to be floating with all things,
Into the blue of space and the dark of time."

ACASO

"De tudo ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro." [Fernando Sabino, O encontro marcado.]

Essas palavras eu já buscava há tempos e caíram em minhas mãos na hora certa. No momento em que o presente se desfez frente a meus olhos, esta citação me forneceu a idéia da possibilidade de um novo horizonte e a certeza de que, desta vez, eu deveria fazê-lo surgir resultado de minhas próprias escolhas. Cabe a mim revelar sua amplitude.

Há chegada a hora de escolher por completo o que fazer de meu futuro próximo. Mais difícil que continuar é começar. Alcancei a estaca zero; me descontruí; me perdi. Agora me dou a chance de ser. Nunca as escolhas foram tão claramente responsáveis pelo devir.
A certeza de que estava sempre começando faz parte de mim. Sempre me senti assim e nunca fui incapaz iniciar algo novo.
A certeza de que era preciso continuar adquiri depois de muitos erros e depois de quando as coisas passaram a aparentar superficiais. Daí aprendi a desbravar de tudo um pouco.
a certeza de que seria interrompida antes de terminar demorou a se estabelecer, mas quando ela se fez muitas respostas vieram. Assim, sinto a necessidade de saber lidar com o acaso para que, o mais breve possível, eu tenha prática em fazer da interrupção um caminho novo.
Estou neste ponto.
“É com os acasos que nos atiram da direita e da esquerda que urdimos o nosso destino. Acreditamos dizer o que queremos, mas é quem nos fez falar pela primeira vez que fala escondido por dentro das nossas palavras.” [Jacques Lacan]

PERGUNTA-ME

"Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinzas
e despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enovoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer"
[Mia Couto]