domingo, 29 de junho de 2008

"Os tempos são difícies para os sonhadores"
[O fabuloso destino de Amelie Poulain]

Vou embora.
Estou, embora,
a boa hora de não estar.
Vou embora.
BREVEMENTE.

"É preciso estar sempre embriagado. Eis aí tudo: é a única questão. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que rompe os vossos ombros e vos inclina para o chão, é preciso embriagar-vos sem trégua.Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira. Mas embriagai-vos.E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre a grama verde de um precipício, na solidão morna do vosso quarto, vós acordardes, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que foge, a tudo que geme, a tudo que anda, a tudo que canta, a tudo que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, responder-vos-ão: 'É hora de embriagar-vos! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos: embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira'."
Charles Baudelaire

"Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."

"É a incerteza que nos fascina.Tudo é maravilhoso entre brumas."
Oscar Wild.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

22

A você, dois patinhos.

nem na mão
nem voando.
A nadar...
Há um horizonte a ultrapassar
do mar
profundo, imenso, azul, tempestuoso...
Vai em ondas.
O mar e todo o resto.
Mas dois patinhos
sempre a nadar.
O horizonte guarda muito.
Inclusive crepúsculos.

DESPACIO

Face a face.
Olho a olho
Alma a alma
Coração a coração.

Próximos.

A boca mexe, a garganta engole
as palavras que morrem na hesitação.

Sem som
sentido.

Resta a sensação
do sentimento.

Qual?!

O medo
de errar
de sofrer...
De viver?

Não?!

A vez ficou
intensa...
...mente
pra depois.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

CARTA A UMA AMIGA

Olá, minha querida!
Quanto tempo sem te ver, sem ouvir sua voz, seu riso... (Nossa! Adoro seu riso, aliás, adoro todos eles!) Quanto tempo sem pegar em sua mão para sentarmos em uma mesa de bar, do mais próximo bar, pedir nossa cerveja de sempre e fazer infinitos brindes, hehe.
Quanto tempo...
Bom, o importante é que, como já estamos cansadas de saber, quando nos reencontrarmos será como se no dia anterior tivéssemos nos visto e nos servido de nossa alegria. No mais, as coisas vão corridas por aqui, querida... Muito corridas!!! Mas não perco o fôlego e corro com elas acreditando que um dia ou não precisarei mais correr ou me acostumarei com isso... heheh. Na verdade, até gosto de toda essa pressa... E você sabe!!
Tenho aprendido muito sobre certas coisas da vida, da "machine". Também tenho aprendido sobre a saudade... E ela continua a me assustar! Mas, sabemos, ela sempre fará parte da vida. Ainda bem! Por falar em aprender, aprendi que a liberdade é sempre maior do que imaginamos... Quanto mais a adentramos, mais extensa ela parece ser... Já percebeu, minha companheira libertária?! Já imaginou onde podemos chegar? Creio que bem longe... Mas bem mais perto de nós mesmas.
Essa imaginação... Tenho que te falar uma frase que vi esses dias e que tenho certeza que ao ouvi-la você faria aquela sua expressão inenarrável e diria: "Boto fé, é isso mesmo...". "A imaginação é a memória que enlouqueceu". É do nosso querido Mário Quintana. Ela foi vista num livro instigante, numa livraria idem, por uma pessoa ibidem. Por falar em coisas instigantes, tenho tantas outras para te contar... Mas tem de ser pessoalmente, olho-no-olho e perto o suficiente para eu te cutucar enquanto falo. Em tempo real. Por carta não vale, pois os sentimentos que eu poria se perderiam pelo tempo e pelo caminho. O que importa é que, felizmente, as coisas mudaram desde nosso último encontro e agora tudo é novo e convidativo, bem como gostamos. No mais, espero o retorno. Espero receber um pouco de sua vida em palavras para, quem sabe, amenizar essa minha imensa saudade de você.
Beijos,
"Relaxe e goze", hehehehe
De sua amiga.

BOAS RAJADAS DE NERUDA

"De tanto andar numa região
que não figurava nos livros
acostumei-me às terras tenazes
em que ninguém me perguntava
se me agradavam as alfaces
ou se preferia a menta
que devoram os elefantes.
E de tanto não responder
tenho o coração amarelo."
...
"Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas."
...
"Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente......
Sempre......
A se olharem...
Pensar talvez:
'Paralelos que se encontram no infinito...'
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas."
...
Someday, somewhere - anywhere, unfailingly, you'll find yourself, and that, and only that, can be the happiest or bitterest hour of your life.
...
"Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía;
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.
Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto."
...
"Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência."
...
"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço!
Muito maior que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um
Estágio esplêndido de felicidade."

domingo, 22 de junho de 2008

FRAGMENTOS

Triste, belo: Um brinde à melancolia.

UN SÁBADO
(Jorge Luis Borges)
Un hombre ciego en una casa hueca
fatiga ciertos limitados rumbos
y toca las paredes que se alargan
y el cristal de las puertas interiores
y los ásperos lomos de los libros
vedados a su amor y la apagada
platería que fue de los mayores
y los grifos del agua y las molduras
y unas vagas monedas y la llave.
Está solo y no ay nadie en el espejo.
Ir y venir.
La mano roza el borde
del primer anaquel. Sin proponérselo,
se ha tendido en la cama solitaria
y siente que los actos que ejecuta
interminablemente en su crepúsculo
obedecen a un juego que no entiende
y que dirige un dios indescifrable.
En voz alta repite y cadenciosa
fragmentos de los clásicos y ensaya
variaciones de verbos y de epitetos
y bien o mal escribe este poema.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

VERBAR

Ficar em casa sozinha comigo mesma é um saco. Não chego a conclusão nenhuma, o diálogo é pesado e o assunto super batido apesar das novidades... Daí começo a duvidar de mim.
Enfim, um tédio só.
Assim me canso, poha. E de quebra como mais.
Preciso fazer alguma coisa...
Na verdade, eu sempre quero precisar fazer alguma coisa.
"Verbar" é o que há!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

"Não fuja
Não seja distante
Não chore em silêncio
Não ria calado
Não prenda um afago
Que a vida é tão linda
Que a vida é tão livre...
Não faça do medo
cavalo indomável
Estanque a lembrança
escute a loucura
E deixe doer
a luz nos seus olhos
E deixe a alma amar
que ela é alada..."
B.M.

Tipo isso...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

DON'T STOP ME.

Antes...
"I want to break free" e blábláblá...

Agora:

I wanna make a supersonic man out of you
Don't stop me now I'm having such a good time
I'm having a ball don't stop me now
If you wanna have a good time just give me a call
Don't stop me now ('cause I'm havin' a good time)
Don't stop me now (yes I'm havin' a good time)
I don't want to stop at all

SAUDADES
mesmo


do que ainda não veio

segunda-feira, 16 de junho de 2008

QUANDO A LUZ ENCONTRA O BREU

Me sinto um crepúsculo
Tudo isso e nada mais.
Nem começo, nem fim
A lucidez
abstraída das cores.
o encontro
a mistura
o ser
exato disperso.
A ausência
a presença
transcendente
até virar mistério
Preso, na luz
no breu
à espera
num tempo
sem hora.

domingo, 15 de junho de 2008

"HÁ MEROS DEVANEIOS TOLOS A ME TORTURAR"

Mas é tempo de arriscar...

"A alma farta pisa o favo de mel, mas para a alma faminta todo amargo é doce"

sexta-feira, 13 de junho de 2008

120 anos a meu querido Fernando Pessoa


quarta-feira, 11 de junho de 2008

TEMPOS DE EMERSÃO

Já disseram: O importante é delirar!
E como estou sugestionável...
Já digo: O importante é ser azul...
E mesmo assim mergulhar no vermelho.

Hoje tenho 20 anos
para gastar.

PORQUE O NOVO SEMPRE VEM!

"Mas é você que ama o passado e que não vê, é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem".

Tijolo por tijolo o muro se desfaz.
Mudança por mudança, Marina se refaz.
Momento a momento, o novo se faz.
Dia-a-dia, o passado fica atrás...

"Pois vejo vir vindo no vento cheiro da nova estação".

sexta-feira, 6 de junho de 2008

CANSADA, MAS VIVA! VIVA, PORÉM CANSADA.

Acorda.
É tarde. Tarde o suficiente para precisar correr.
Corre.
Mas come. Veste, mas escolhe. Toma, mas respira.
Respira.
Está fora de forma. Caminha, mas não sua. Chega, mas espera.
Espera.
Lá vem ele, aquele bauzão. Vê? SIA. Entra, paga, senta.
Senta.
Não é nesta, falta um pouco. É na próxima. Desce.
Desce
E sobe, pelos becos. Reclama do sol, mas hoje acertou.
Acerta.
Erra.
Fala.
Escreve...
Escreve...
Escreve...
Apaga...
Telefona...
Come...
Bebe...
Fala...
Escreve...
Escreve...
Escreve...
Ih!! A bosta do I prendeu!! IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII.
Agora acorda. Existe, ela está ali. Esqueceu, mas está.
Desliga
Vai pra outro.
Pensa, está atrasada. Mas sente sede, bebe, percebe.
Escreve...
Escreve
E se desespera!!!! Olha a hora. Olha o texto. Sente o frio. Anoitece.
E escreve...
Escreve...
Acaba!!!!!!
Daí suspira. A perna pára. Lembra de ir ao banheiro. E lá se vai.
Anda, entra, sái...
Decide
Oba!! Cerveja!!
Não, sem cerveja.
Chega
Entra
Sái
Comida!!!!
Coca, cachorro-quente, esquina, conversa.
Tchau!!!
Arruma
Corre!!
Olha a hora!!!
Silêncio...
Navega.
Escreve...
De novo?
De novo!!
Cansa!!
PUFF!!!
Dorme
... mas só depois do chá.
Ainda há vida.

domingo, 1 de junho de 2008

ALL IN ALL YOU'RE JUST ANOTHER BRICK ON THE WALL

Uma obra de arte. Esta foi a frase mais curta que consegui elaborar pra caracterizar o filme The Wall de Roger Waters e Alan Parker. Uma bomba de psicodelismo que estoura lentamente do começo ao fim do filme. Todo o psicodelismo envolvido nas imagens, efeitos gráficos, fotografia, sons e na música floydiana despensa a presença de diálogo que aparece em raras cenas. Diálogo algum seria capaz de transmitir o que todo o abstratismo da obra comunica.

The Wall é o tema central da obra. Um muro construído por tijolos de medo, fúria, trauma, preconceito, fuga... Um muro erguido por instrumentos do sistema ao redor da criatura. O Muro protege, esconde e tolhe o ser denominado Pink que, por ter o muro cada vez mais alto e fechado crescendo ao seu redor acaba sendo isolado da luz, alienado da realidade que há atrás do muro e, assim, vive inerte e despersonalizado em sua fortaleza.

Conceitual como o disco da Pink Floyd, The Wall - O Filme, carrega em suas cenas, que vão e voltam do passado para o presente do personagem, exemplos de tijolos que colocamos ao nosso redor. Os tijolos nada mais são que tabus criados por nós mesmos e a nós mesmos para nos protegermos do sofrimento que toda vida em sociedade regida por um sistema cruelmente tolhidor e massificador causa. O Professor, a Mãe, a Escola, a Família - a hierarquia - são exatamente as marionetes controladas pelo sistema para formar (ou deformar) os indivíduos, desde a infância, em uma massa... Uma massa de carne moída - bem como mostra o filme com sua escola-moedor-de-carne.

O filme é um convite à reflexão. Como disse no início, é uma bomba que estoura lentamente na cara de quem assiste e faz perguntar: Será que estou vivendo atrás do muro? E mais ainda, incentiva a derrubarmos essa barreira tijolo por tijolo antes que sejamos sufocados por ele e aceitemos tudo o que nos for condicionado dentro do muro. Portanto, o ideal do filme é que rompamos com as barreiras construídas pouco a pouco ao nosso redor e encaremos o real com toda a sua luz. Sim, possuiremos e causaremos corações partidos... Sim, encararemos a dor!! Não aceitaremos o muro como uma substituição do "conforto e calor que há embaixo da asa da mãe" para quando o indivíduo estiver crescido demais para isto. A superproteção do muro nada mais é que a cômoda aceitação da ignorância, da alienação.
Enfim, isto é a sístese da impressão geral que tive ao assistir o filme ontem. Como o tenho, ainda terei muitas outras oportunidades de revê-lo para tirar e aperfeiçoar muitas de minhas sensações acerca do tema. No mais, achei importante e inspirador escrever a respeito de todo esta questão que Waters sempre tenta levantar e quase sempre consegue - como foi o caso desta obra cinematográfica.