quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

BALANÇO

Faça uma lista de grandes amigos, quem você mais via há dez anos atrás... Quantos você ainda vê todo dia? Quantos você já não encontra mais? Faça uma lista dos sonhos que tinha... Quantos você desistiu de sonhar? Quantos amores jurados pra sempre... Quantos você conseguiu preservar? Onde você ainda se reconhece, na foto passada ou no espelho de agora? Hoje é do jeito que achou que seria? Quantos amigos você jogou fora... Quantos mistérios que você sondava, quantos você conseguiu entender? Quantos defeitos sanados com o tempo, era o melhor que havia em você? Quantas mentiras você condenava, quantas você teve que cometer? Quantas canções que você não cantava, hoje assobia pra sobreviver... Quantos segredos que você guardava, hoje são bobos ninguém quer saber... Quantas pessoas que você amava, hoje acredita e amam você?
[Oswaldo Montenegro]

"Se já sofremos quando não declaramos o que nos incomoda, sofreremos o dobro se não declararmos o que nos alegra". - Fabrício Carpinejar

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

No ano passado...Já repararam como é bom dizer "o ano passado"? É como quem já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem...Tudo sim, tudo mesmo! Porque, embora nesse "tudo" se incluam algumas ilusões, a alma está leve, livre, numa extraodinária sensação de alívio, como só se poderiam sentir as almas desencarnadas. Mas no ano passado, como eu ia dizendo, ou mais precisamente, no último dia do ano passado deparei com um despacho da Associeted Press em que, depois de anunciado como se comemoraria nos diversos países da Europa a chegada do Ano Novo, informava-se o seguinte, que bem merece um parágrafo à parte:"Na Itália, quando soarem os sinos à meia-noite, todo mundo atirará pelas janelas as panelas velhas e os vasos rachados".Ótimo! O meu ímpeto, modesto mas sincero, foi atirar-me eu próprio pela janela, tendo apenas no bolso, à guisa de explicação para as autoridades, um recorte do referido despacho. Mas seria levar muito longe uma simples metáfora, aliás praticamente irrealizável, porque resido num andar térreo. E, por outro lado, metáforas a gente não faz para a Polícia, que só quer saber de coisas concretas. Metáforas são para aproveitar em versos...Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado.Morri? Não. Ressuscitei. Que isto da passagem de um ano para outro é um corriqueiro fenômeno de morte e ressurreição - morte do ano velho e sua ressurreição como ano novo, morte da nossa vida velha para uma vida nova. [Mário Quintana]

NÃO DEIXE A VIDA PRA DEPOIS

"(...) era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista. Minha paixão era o trapézio. Me atirar lá do alto na certeza de que alguém, lá em baixo, seguraria minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo, mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo, quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos... Aquela gente encantada que chegava e seguia... Era disso que eu tinha medo: do que não ficava para sempre." [Antônio Bivar]


Sempre chega o momento em que se deve decidir entre dar as costas para o trapézio ou atirar-se em suas emoções, mesmo que incertas... Ainda que a pessoa adiante possa, por alguma obra do destino, em algum instante, não te segurar fazendo com que toda aquela emoção acabe em dor.
Essa decisão se baseia em como se lida com o medo. Nada mais eficiente para ajudar nessas decisões que a crença em algo. Há quem acredite no fim e quem acredite no começo... Assim existem os que sempre ficam (por medo) e os que sempre seguem (apesar do medo).

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Não sei dizer...
E me calo.
Nossos silêncios, intensos, dizem o mesmo?

domingo, 28 de dezembro de 2008

ANO

Mal o tempo passa e o ano já vai. De uma memória tão nítida como a dos acontecimentos de meses atrás, me lembro sentada diante de um computador escrevendo por aqui, numa tarde longe desta e durante outro expediente. Na época exercia meu primeiro estágio e tinha muitos desejos urgentes. Urgentíssimos. Entrou o ano e tratei de realiza-los todos.
Dei muitos adeuses em 2008. Mas foram as boas-vindas que fizeram a diferença. Foram meses de renovações e coragem, de libertações e experimentações, realizações e descobertas. Foi um ano de reinvenção. Foram tempos de viagens e sonhos.

Esse ano que chega me parece ser mais claro, bruto e plano. É como se fosse a vez de levar as coisas adiante... Ter mais seriedade. Mergulhar mais no trabalho, nos estudos, nessas seções mais secas da vida. E acho que posso levar isso com destreza e poesia... Acho que finalmente vou saber conciliar as coisas. Ao menos meu instinto me faz crer nisso.

Bom, já se vai mais este ano... Mais um que me maravilhou com a vida. Mais um que vem me trazendo esperanças e sonhos, medo e coragem.

sábado, 27 de dezembro de 2008

CTHULHU

"A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido."
[H.P. Lovecraft]

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

DOS PRAZERES DE VIAJAR II

A CHEGADA
São tantas e de todos os modos possíveis. A última me trouxe um coração batendo forte apesar do cansaço. A fila interminável da alfândega e depois os vários minutos frente à esteira esperando minha bagagem material aparecer. Nesses momentos se sente a chegada em sua forma mais bruta. A partir dali, não há previsão para mais nada.

OS ENCONTROS
O objetivo principal das viagens. Não é sempre que há alguém esperando no saguão de desembarque... Mas quando há é incrível! Desta vez tive aquela saudosa amiga cheia de coisas para me ensinar e dona de um abraço reconfortante e acolhedor para meu cansaço e solidão. Depois, o encontro com os desconhecidos, a cidade estrangeira e o idioma alheio... Começa o encontro com quem sou e com o que quero descobrir...
O NOVO
Não há nada mais eficiente para entrar em contato com o nove que as viagens. Nomes de ruas indígenas, o trânsito quase anárquico, a comida apimentada, os rostos diferentes... Tudo denuncia: você está em um novo país... Aqui você conhece menos coisas que uma criança.
Volto a ser criança quando viajo. Tudo é curioso. Para tudo há uma dúvida, uma pergunta, um espanto! Tudo me encanta. São as descobertas... De tudo e de mim mesma.

EU...

"Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
[...]
Sou talvez a visão que
Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!"
(Florbela Espanca)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

DOS PRAZERES DE VIAJAR


A Partida
Dias antes de partir sou cheia de lágrimas, medos, esperanças, desconhecimento... À flor da pele!
O dia finalmente chega e me torno toda preparada para o que vier. Nenhuma lágrima, um meio sorriso e uma invasão completa de concentração, coragem e liberdade.

O Caminho
Adoro voar. Passar pelas nuvens e enfim estar acima delas. Gosto de ir na janela para voltar os olhos para fora e ter minha viagem particular. Alcanço a paz naquele vazio leve do azul que revela suas pequenas nuances desconhecidas. Gosto, inclusive, da pressão nos ouvidos e preparações para decolar e aterrizar.

O Porto
Me sinto bem em aeroportos. O umbigo das partidas e chegadas da vida. Encontros e despedidas. Todas aquelas pessoas se lançando a novos lugares ou retornando ao lar...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"Não tenhamos pressa. Mas não percamos tempo." José Saramago

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

CANÇÃO DO DIA DE SEMPRE

"Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas..."

[Mário Quintana]

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

"Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto".

[Fernando Pessoa]

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Hoje acordei radical.
Não quero uma cerveja, quero todas!!
Desejo minhas dezenas de amigos ao mesmo tempo
e todos os sentimentos numa só dose.
Hoje não me venham com minúcias,
mesquinharias, conta-gotas
só quero enchentes,
avalanches de tudo
cada espaço preenchido.
Se couber o silêncio,
que seja denso,
pesado, tenso
insuportavelmente inebriador...
Não me venham com metades,
"abraços curtos para não sufocar"...
Quero perder o ar
depois aspirá-lo
até sentir o limite dos pulmões.
Não quero medir palavras
nem "a altura do tombo".
Quero tudo, sem medida.
A medida é ela toda.

LOVE ME TRUE

love me tender