sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

VENTANIA E MINÚCIAS

Adoro mão no meu cabelo.
Dedos tocando a cabeça ou os fios de cabelo de leve, despretenciosamente.
Também gosto da mão toda. Pra massagem ou puxão.
Se a mão servir, eis o meu fraco.
Minhas mãos são compulsivas pelo meu cabelo. Nossa!

Chuva me faz bem.
O cheiro, os pingos iniciais no corpo e o barulho.
O barulho me dá uma sensação de fluidez tão natural que sinto a vida seguindo sem dor...
E tempestade? Trovão, céu poderoso. Anúncio.
Busco abrigo, espero e assisto. Nos sentidos mais profundos.

Sol é relativo.
Gosto do brilho, da luz... Tudo fica lindo ilumidado pelo sol!
Quando ele chega, quando está e quando vai embora. Sem ele não há cor.
Mas seu calor só me dá prazer uma vez: quando faz falta.

Eu gosto mesmo é de vento.
É movimento. É árvore balaçando, folha caindo colorindo o chão.
Descabela. É velocidade! Um dia terei um conversível só pra viajar com vento na cara, nas idéias.
Taí, vento é bom de verdade.
Nos cabelos prefiro vento que mãos.
Chuva é mais chuva com vento. É mais intensa, molha mais.
Na tempestade o vento é a sua voz que o anuncia...
E com sol?! Vento faz seu calor ser prazeroso mais que uma vez. Ameniza.
Vento é preciso!
Faz voar. Por isso gosto de vento.
Às vezes tudo do que precisamos em nossa vida é de uma boa rajada de vento...

Alguém divide comigo uma opinião:

"Tudo tem começo e meio. O fim só existe para quem não percebe o recomeço." Luiz Gasparetto

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

DOS PRAZERES DE VOLTAR

"Um homem viaja o mundo à procura do que ele precisa e volta para casa para encontrar" George Moore

Saudades carrego comigo todo o tempo durante viagens. Mas chega o dia em que acordo, olho pela janela do quarto e realizo: tá na hora de voltar. É quando bate a saudade de verdade e sei que é a hora certa de regressar pra casa. Geralmente isso acontece justamente perto do dia em que o vôo está marcado ou coisas do tipo. Mas já tive muitas vezes em que precisei voltar antes dessa vontade acontecer, assim como a vontade de voltar e ter que esperar... Ambas situações são uma privação.
Tá na hora de voltar pra casa. Estou cheia de idéias, planos e coisas para por no lugar. Mudanças no ambiente, histórias para contar, coisas para arrumar... Tudo para guardar o novo ser. Quando tudo estiver no seu lugar aí sim poderei continuar, lutar, até chegar o novo desejo de partir.
Esses prazeres de voltar por enquanto só podem ser sentidos enquanto me imagino... Enquanto sinto a volta se aproximar. E agora, isso é prazeroso porque é mistério, assim como as partidas. Mas sei que ainda tenho decisões para tomar e mudanças a cometer quando me encontrar...

"A mente que se abre a uma nova idéia, jamais volta a seu tamanho original." Albert Einstein

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A DOUTRINA DO FIM

Tenho escutado muito sobre como se deve levar a vida. Ontem acompanhei minha amiga a uma missa católica em seu bairro aqui no México. Detesto participar dessas ocasiões, mas estar em contato com o que não creio e com o que é a opinião avessa à minha sempre faz brotar em mim bons argumentos e me faz mais convicta em que acredito.
O padre, muito piadista, diga-se de passagem, falava de como devemos lidar com as situções mundanas. Disse que devemos nos manter longe dos sentimentos do mundo, absorve-los o mínimo possível, porque esse mundo é passageiro. Assim, um casal não deve se encantar muito um com o outro porque mais cedo ou mais tarde um deles vai morrer, e aquele que ficar se sentirá desamasiadamente triste. Em resumo, segundo o padre e sua doutrina católica, não devemos mergulhar nas emoções do mundo, pois a vida aqui tem um fim. Logo, devemos dedicá-la a deus, porque é ao encontro dele que vamos- ou deveríamos ir- quando morremos.
A cada frase discordava cada vez mais do padre e me lembrava das múltiplas razões que tenho para não participar de nenhuma igreja ou religião. Isso vai contra minhas verdades. Segundo o padre, devemos dedicar nossa vida a deus... Viver intensamente uma paixão, conhecer as coisas do mundo, sofrer perdas e comemorar conquistas, sonhar e realizar-se na vida com o que o mundo tem a oferecer, viver a vida e todas essas coisas que devem nos fazer felizes e vividos são proibidas? O que fazemos aqui então?!
Isso tudo se encaixa perfeitamente no que falei há alguns posts atrás... Nossa vida se embasa em no que acreditamos... Há quem acredite no fim e quem acredite no começo. A igreja católica, como a maioria das igrejas, acredita no fim... Assim seus fiéis passam a vida esperando e temendo por ele.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Meus instintos não costumam falhar:
http://sentidosvagos.blogspot.com/2008/01/2008.html

O que o passado me reservou:
http://sentidosvagos.blogspot.com/2006/09/passarinha-muito-engraada.html

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Vou partir sozinha, sozinha de verdade... Sem saber quem se sentará ao meu lado no ônibus e sem nem se quer ter uma cama reservada no hotel. Uma cama para uma só pessoa, um quarto para a solidão. No entanto, apesar de essas palavras unitárias soarem tristes - porque a solidão soa triste?- estou revestida por uma felicidade incrível! Uma alegria de viver... Mais uma vez correr perigo... São tantos os perigos! São tantos os riscos! Que não posso viver sem corre-los. Não posso me privar, jamais! A solidão é minha amiga.

ENCONTRO

Ontem fui tocada pelo encantamento da realização. A plena sensação de estar vivendo algo que sonhei com muita alegria. É o sentimento extremo de estar vivendo a meu modo.
Depois de tudo, veio o cansaço físico e fechei os olhos enquanto o automóvel se movia para nosso regresso. Foi quando os abri novamente...
Era um entardecer lindo
um alaranjado vivo cortando
os muitos azuis que haviam no céu.
O pôr do sol sempre te traz para perto,
é como um encontro diário
com as lembranças
e com o amor.
É assim:
Os crepúsculos me lembram você,
que me ensinou a viver
a beleza das cores
que aparecem
entre o fim e o começo.

domingo, 18 de janeiro de 2009

"Yo no creo que las márgenes de un río sufran por dejarlo correr.” Frida Kahlo

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

INICIO

Mi historia empieza en los vuelos de los sueños más sensibles y sigue cuándo camino despierta sin olvidarme de los sueños, ni de los vuelos y tampoco de la sensibilidad.
Así vivo en un debut de vida constante con toda la alegría e intensidad de los inicios, con el amor que no conosce linmite y no quiere formar... quiere inundar lo que llega.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A REVOLUÇÃO DO NOVO

O novo ano me veio com um sutil passar de ponteiros sem especiais comemorações. Foi natural como nunca antes havia sido, mas não deixou de trazer planos concretos e esperanças ou um suspiro antes de dormir para a chegada do primeiro dia do ano.
Talvez esse toque fraco seja resultado da distância de muito do que já é meu... ou talvez tenha sucedido pela constância de novidades com a qual tenho vivido.
Em um ano novo ou não, o importante é esta época de conhecimento profundo do novo e do que sempre esteve por perto, apesar de impercepitível. Não é a toa que meus instintos me levam às viagens. Faz parte de mim. Preciso estar em contato com o desconhecido, com o perdido, com o perigo, com a desproteção, o mistério e com o até então intocável com mim.
Preciso às vezes me distanciar do que é meu por rotina. Como casa, trabalho, estudo, projetos em andamento... Os lugares e pensamentos que me vêm diariamente. Minha cama, meu lar que guarda as angústias e alegrias cotidianas. Estar fora do meu cotidiano me custa saudades... Não dos lugares e atividades rotineiras, estas não me provocam saudades, mas das pessoas, reais companheiras de vida, o maior caminho de todos.
Amigos, família, amor... estes seres que sempre serão um mistério e que são, cada um, lugares raros e capazes das mais profundas transformações, ensinamentos e de gerarem sentimentos únicos e imprevistos. Minhas maiores saudades sempre serão as pessoas conquistadas mutuamente... E a saudade até hoje me tem sido o mais doloroso e revolucionário sentimento.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Hemos perdido aún este crepúsculo.
Nadie nos vio esta tarde con las manos unidas
mientras la noche azul caía sobre el mundo.
He visto desde mi ventana
la fiesta del poniente en los cerros lejanos.
A veces como una moneda se encendía
un pedazo de sol entre mis manos.
Yo te recordaba con el alma apretada
de esa tristeza que tú me conoces.
Entonces, dónde estabas?
Entre qué genes?
Diciendo qué palabras?
Por qué se me vendrá todo el amor de golpe
cuando me siento triste, y te siento lejana?
Cayó el libro que siempre se toma en el crepúsculo,
y como un perro herido rodó a mis pies mi capa.
Siempre, siempre te alejas en las tardes hacia
donde el crepúsculo corre borrando estatuas.
[Pablo Neruda]