domingo, 21 de setembro de 2008

PELA METADE

Num dos blocos vizinhos ao meu mora um grito grave. Ele sempre aparece salientado ao mesmo tempo que toca alguma música irrelevante. Nesses dias o grito ganhou cara, expressão, atitudes e mais especulações.
Livre das paredes de meu apartamento e imersa num silêncio particular sustentado pelo ruído alheio da rua, entrei em contato direto com o tal grito. Um cara, meio gordo, meio feio, talvez meio sonolento, meio triste e meio indignado, botava meio corpo pra fora de sua janela que abria pela metade e gritava ora para o céu, ora pra mim - sua única espectadora - palavras soltas da música que tocava e outros berros que dolorosamente se libertavam... O libertava... Pela metade...

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