sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SOLIDÃO INVADIDA




Se eu não tivesse chegado em casa na noite passada, ninguém saberia. O provável, é que minha ausência começaria a ser sentida só depois das 14h, quando estivesse atrasada o suficiente para escrever a notícia de amanhã.

Ontem dirigi pela madrugada depois do rock à trabalho. "Ora quem é que não sabe o que é se sentir sozinho mais sozinho que um elevador vazio", a música embalava minha volta para casa.

O silêncio do estacionamento apressou meu passo e, quando me vi dentro do apartamento, passei a corrente e me tranquei. Alívio. Enfim, resguardada pelas paredes de meu próprio silêncio.

Tudo exatamente como deveria estar. Minha presença parada no tempo... Quebrada pelo espanto!

Meu vazio era parasitado! Mesmo que sorrateira, peguei no flagra a invasora de minha segurança.

Olhei para a barata, sei que ela me olhou. Após meu grito madrugal, a perseguição começou. E, antes que eu agisse, ela desbarateou por toda a sala.

"Vou te pegar, sua barata safada", avisei. Neste momento, ela tinha encontrado alguma brecha, mas nenhuma que eu não conhecesse.

Invadi todas elas com o veneno em spray, e não demorou para a cascorenta surgir à luz, agonizante.

Foi uma morte breve. Quase saciou meu orgulho - Não aceito ser esperada por uma barata.

No entanto, antes de recolher do chão o que restou da atrevida, tive de me contentar:
A solidão é intranquila. Resta-nos sonhá-la, enquanto o despertar não ocorre.

Nenhum comentário: