quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

SONHEI CONTIGO

Sonhei contigo essa noite. Não que isso seja novidade. Você sempre permeou meus pensamentos e sonhos, mesmo que isso seja relativo. Sinto que ainda aprendo com você e com o que vivemos, com o que senti. Mas não precisa se enaltecer, pois não é o único nesse posto. Você, entretanto, foi especialista - para não dizer especial -  em certos aspectos que hoje preciso trabalhar melhor em mim. Acho que foi sobre isso o sonho.

Me vi contando contigo, esperando uma consideração básica que nunca chegou. Bem como no passado real: esperei muito de você pois vislumbrei uma profundidade tamanha que o desejo de mergulhar e me afogar foi imediata. Mas você se fechava da maneira mais fria que podia. Uma grande contradição. Nunca encontrei o caminho da sua escuridão linda porque nunca quis desbravar seu labirinto espinhoso. Talvez por medo de me machucar... mas o medo mais provável foi o de modificar seu perigo. 

Não importa qual medo impediu que eu forçasse, eu me machuquei mesmo assim... E eu não tinha que forçar nada mesmo. Era trabalho seu abrir seus muros na medida em que sentisse minha busca. Mas eu sempre me deparei com uma cilada. E quando tentava desistir, você dava esperanças. Hoje, acredito que essas esperanças eram para você mesmo. Eu, espelho tolo, ao invés de refletir, absorvi. Espero que o final tenha lhe servido de lição. Ou não.  

Você pareceu amor.
Você pareceu caminho.
Você pareceu correnteza.
Mas você foi porta fechada.
Foi telefone desligado.
Foi ausência.
Você pareceu amor - e, para mim, até foi (e do mais intenso),
Mas você foi cilada:
Assim mesmo, bem clichê
ao contrário da nossa história 
que ainda se desemaranha na minha memória.  

Nas mais rasas definições de relações platônicas que existem, você é o que se enquadra mais profundamente. É lindo no sonho desperto, flui harmônico como uma sinfonia, seduz a entrega... Inspira poesia. É romantismo. Mas a aproximação é frustrante... Talvez como, mas não tanto quanto, uma pintura impressionista: à distância, aquela beleza intocável. Ao aproximar, perde-se. 

Na real, eu gosto de ver de perto esse tipo de obra. Cada pincelada. Relevos únicos, marcas eternas com combinações sublimes de cores. A beleza está ali, como quase um acaso, posso senti-la a centímetros de minhas vistas, posso até tocar os detalhes. Mas o todo está desfeito. 

Nunca pude exigir que fosses menos ou mais. Você era aquilo. E se eu te exergo hoje como uma pintura impressionista, tenho consciência que foi invenção minha. Mas, o fato, é que para eu te admirar tal como és, preciso de distância. A medida atual está de bom tamanho - talvez um pouco mais próximo seria melhor. E vai ser assim que vou te amar para sempre: à distância; eu aqui, você no passado presente. 



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