domingo, 21 de junho de 2009

O QUE DÓI ÀS AVES


Essa história de sair voando de lugar em lugar vem de uma natureza meio dolorida, melancólica, visceral e selvagem. Às vezes ocorre às aves não mais levantar voo- ao menos não longíquos- já que um bom terreno foi encontrado, daqueles de viver confortavelmente. Onde poderiam criar planos de raízes profundas e construir sonhos sólidos do tamanho que eles fossem. Mas aves não nasceram para terrenos.

Esses alados nasceram para alto de árvores, variáveis de tempos em tempos; Para viver em busca do clima ideal, em corriqueiras migrações. Não têm sua natureza feita para apegos, para horizonte limitado. Mas, ainda assim, se apegam.

O que dói às aves é querer ficar de vez em quando, mas sempre ter que partir, conforme rege sua natureza. Nega-la seria não viver, se trair, perder o canto e o encanto. Já partir, é uma constante dor, mas, de tanto ser inevitada, é necessária para que possa haver o canto.

Foto: Marina Bártholo

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