domingo, 1 de junho de 2008

ALL IN ALL YOU'RE JUST ANOTHER BRICK ON THE WALL

Uma obra de arte. Esta foi a frase mais curta que consegui elaborar pra caracterizar o filme The Wall de Roger Waters e Alan Parker. Uma bomba de psicodelismo que estoura lentamente do começo ao fim do filme. Todo o psicodelismo envolvido nas imagens, efeitos gráficos, fotografia, sons e na música floydiana despensa a presença de diálogo que aparece em raras cenas. Diálogo algum seria capaz de transmitir o que todo o abstratismo da obra comunica.

The Wall é o tema central da obra. Um muro construído por tijolos de medo, fúria, trauma, preconceito, fuga... Um muro erguido por instrumentos do sistema ao redor da criatura. O Muro protege, esconde e tolhe o ser denominado Pink que, por ter o muro cada vez mais alto e fechado crescendo ao seu redor acaba sendo isolado da luz, alienado da realidade que há atrás do muro e, assim, vive inerte e despersonalizado em sua fortaleza.

Conceitual como o disco da Pink Floyd, The Wall - O Filme, carrega em suas cenas, que vão e voltam do passado para o presente do personagem, exemplos de tijolos que colocamos ao nosso redor. Os tijolos nada mais são que tabus criados por nós mesmos e a nós mesmos para nos protegermos do sofrimento que toda vida em sociedade regida por um sistema cruelmente tolhidor e massificador causa. O Professor, a Mãe, a Escola, a Família - a hierarquia - são exatamente as marionetes controladas pelo sistema para formar (ou deformar) os indivíduos, desde a infância, em uma massa... Uma massa de carne moída - bem como mostra o filme com sua escola-moedor-de-carne.

O filme é um convite à reflexão. Como disse no início, é uma bomba que estoura lentamente na cara de quem assiste e faz perguntar: Será que estou vivendo atrás do muro? E mais ainda, incentiva a derrubarmos essa barreira tijolo por tijolo antes que sejamos sufocados por ele e aceitemos tudo o que nos for condicionado dentro do muro. Portanto, o ideal do filme é que rompamos com as barreiras construídas pouco a pouco ao nosso redor e encaremos o real com toda a sua luz. Sim, possuiremos e causaremos corações partidos... Sim, encararemos a dor!! Não aceitaremos o muro como uma substituição do "conforto e calor que há embaixo da asa da mãe" para quando o indivíduo estiver crescido demais para isto. A superproteção do muro nada mais é que a cômoda aceitação da ignorância, da alienação.
Enfim, isto é a sístese da impressão geral que tive ao assistir o filme ontem. Como o tenho, ainda terei muitas outras oportunidades de revê-lo para tirar e aperfeiçoar muitas de minhas sensações acerca do tema. No mais, achei importante e inspirador escrever a respeito de todo esta questão que Waters sempre tenta levantar e quase sempre consegue - como foi o caso desta obra cinematográfica.

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